Ser usado por Deus não é o mesmo de ser aprovado por Ele. A compreensão deste conceito pode nos levar ao céu, sem aplausos, ou, nos destinar ao abate infernal, repletos de glórias.
Tudo que existe, existe graças a vontade do Eterno. Isso significa que qualquer criatura pode servi-lo com seu jeito e forma. Uma singela borboleta pode ensinar quão tenro é o nosso Deus, mas um vulcão em erupção revela o inexpugnável Senhor que ele é. Um anjo o serve como mensageiro de sua palavra, mas um demônio pode lhe prestar contas a respeito de suas intenções e obras. O Eterno é rei dos reis e senhor dos senhores. Aleluia!
A igreja primitiva conservou a mais perfeita revelação sobre o filho de Deus, inclusive nos presenteando com os escritos do Novo Testamento. Contudo o império Romano foi um dos mais desumanos carrascos dos seguidores do unigênito do Pai, porém, Deus usou esse ódio para fazer com que os cristãos fugissem, por todo o mundo, levando a sua palavra. Se hoje somos crentes, podemos agradecer aos primeiros cristãos e ao império Romano.
Estar a serviço de Deus não é o mesmo de ser aprovado por Ele. Alguém ou algo pode reunir condições para servi-lo melhor que nós, mas, concomitantemente, ser rejeitado para sentar-se à mesa com ele. Porque A comunhão com Deus não está nos contornos do fazer, mas do ser. Nossa aprovação, como filhos amados, não está pautada no tanto que fazemos, mas no quanto que somos. Ser amigo de Deus é melhor do que ser instrumento de sua vontade, porque o Eterno tem muitos instrumentos, porém, poucos amigos.
No universo dos homens ganha prestígio quem faz mais, quem se projeta mais, porém, no trato com Deus, valor tem, quem serve mais e se projeta menos. Por isso uma agenda cheia, um ativismo selvagem e um reconhecimento nas redes sociais podem estar a serviço de Deus, exatamente para distancia-lo da Sua presença. Quem busca o reconhecimento e o favor deste mundo, torna-se amado dos homens, mas rejeitado por Deus.
Veja bem, o fazer sempre está atrelado à vontade do Eterno, porque o seu governo não foi dado a homens. Ele continua criando e governando tudo e todos. Por isso, a pretensão de colocar o nome na “calçada da fama” pode ser um insulto ao todo poderoso, visto que ele opera tanto o querer como o efetuar em nós.
· Nabucodonosor foi um rei da Babilônia, sanguinário, idólatra e inimigo de Israel, mas Deus o chamou de meu servo, usando o seu governo para abater o orgulho dos israelitas. Até Um pagão nas mãos de Deus cumpre os planos do Senhor.
· Elias foi usado tremendamente por Deus, porém mergulhou em uma crise de ansiedade saindo de cena, se refugiando em uma caverna. Quem o sustentou durante esse silêncio de sua alma foi um corvo enviado por Deus.
· Deus usou uma jumenta como instrumento de sua vontade. O absurdo disso é que até uma jumenta pode ter mais qualificação ao ponto de Deus se agradar mais dela do que o profeta que nela montava.
· Os endemoniados gadarenos revelaram mais teologia a respeito de Jesus do que os sacerdotes nas sinagogas, eles disseram:” Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus?”
Percebem que não falta para Deus instrumentos para ele usar? Amigo, você não é a melhor cartada de Deus, nem o seu juízo final, és somente mais um que Deus achou graça em usar. Isso não faz de você um ser especial ou iluminado, és apenas um instrumento, nada mais! Por isso, não crie a sua própria crônica do dia, lute para manter o teu nome no livro da vida. E isso já é demais para ti. Não esqueça, o Eterno é a força que nos levanta e o poder que nos derruba.
Em Mateus 7:22-23 há uma mensagem que nos causa náuseas, diz o texto:
“Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.”
Observe que tristes verdades esconde este texto:
· As profecias foram cumpridas, mas os profetas foram rejeitados.
· Os demônios foram expulsos, mas os exorcistas foram rejeitados.
· Maravilhas foram realizadas, mas os discípulos foram rejeitados.
· Músicas alegraram multidões, mas os cantores foram rejeitados.
· Pessoas se converteram mediante a pregação do evangelho, mas os pregadores foram rejeitados
Moral do texto: Deus não mendiga favores de ninguém, ele ainda prioriza a pureza pessoal. Não basta ser usado por Deus, é preciso ser aprovado por Ele! Por isso, se você não for chamado para realizar uma obra extraordinária, não se entristeça, talvez Deus queira algo preciosíssimo para Ele, que é, compartilhar com você, em cada entardecer do dia, a Sua vontade soberana.
Tomás de Aquino foi um grande teólogo do século XIII. Escreveu centenas de textos com reflexões teológicas. Sua biografia registra um episódio extraordinário. Ele trabalhava em sua maior obra literária, a Suma Teológica. Em seus últimos dias de vida, desistiu de terminar o compêndio teológico. Questionado a razão dessa loucura, ele respondeu: “tive um arrebatamento espiritual e, depois do que eu vi, tudo o que eu escrevi, me parece palha.”
Não se aferre às obras que fazes, procure sempre estar no centro da vontade dAquele que te convocou a fazê-las! Pois Ele é “poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós”. As outras coisas são palhas, somente palhas, nada mais que palhas!
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