Ah, essas crianças! Irreverentes, brincalhonas e desafinadas, correndo por todo o templo à frente de Jesus, e dizendo aquilo que sacerdote e escriba nenhum quer ouvir: “Hosana ao Filho de Davi!”. Mas se as crianças roubaram a cena no episódio do templo, maior e impactante foi a resposta de Jesus para àqueles que queriam fazer calar a voz infantil: “Da boca de pequeninos e crianças de peito sai o perfeito louvor!”. Que resposta sensacional e intrigante a que Cristo deu para aqueles que achavam que as crianças estavam desrespeitando o ambiente sagrado. Eles não sabiam que qualquer algazarra e alarido emitido por uma criança no momento de cultuar, é maior do que qualquer participação dos adultos no louvor a Deus.
Cristo estabeleceu um padrão inalcançável de perfeito louvor, o louvor produzido por uma criança. Pois elas um dia serão adultas, mas nós não voltaremos a ser crianças. Que pena! Se às crianças que mamam oferecem a Deus o perfeito louvor, logo, quanto mais crescemos e amadurecemos, menos louvamos. Como gente grande, deixamos de ser adoradores perfeitos e nos tornamos pedintes de bênçãos. Parece que essa andragogia nos aperfeiçoa para a vida, mas, opostamente, nos distancia do átrio onde o eterno está entronizado e adorado. Quando atingimos o ápice do equilíbrio, também iniciamos a caminhada para o nosso fim: temos agora, a cada dia que se dilui, mais passado que futuro. Sem a possibilidade de ser criança outra vez. Como se fosse possível, tentamos, nós adultos, a todo custo e a duras penas, voltarmos a gênese da espiritualidade e nos tornarmos em uma harmoniosa orquestra, a fim de oferecermos um perfeito louvor ao nosso Deus. Infelizmente nosso desejo se torna em vãs promessas que jamais serão cumpridas porque, logo que somos senhores dos nossos atos, também nos tornamos escravos das vaidades humanas. Com o tempo o foco das preocupações está nas células que insistem em morrer, em nossos órgãos que clamam por manutenção e todas as demais preocupações que lida a vida adulta. Isto subtrai de nós o desejo de oferecer um perfeito louvor. Louvamos se der e como é possível oferecer. Empregamos um esforço gigantesco para nos apresentar melhor diante do trono de louvores. Só que não! Músicas, instrumentos, vozes perfeitas, palmas e movimentos corpóreos, tudo isso na tentativa de melhor nos apresentarmos diante do Rei. E, quanto mais tentamos, mais nos afastamos do louvor que agrada a Deus, pois substituímos...
· a ingenuidade pela criatividade,
· a espontaneidade pela religiosidade,
· o temor ao ser divino pelas nossas necessidades,
· a voz e gestos artesanais pela mesmice repetitiva dos nossos louvores.
Somos crentes “maduros”, querendo oferecer um louvor que não nos pertence. Pior, concorrer com crianças de peito é, simplesmente, impossível! Por quê? Veja, nossos sonhos não tem espaço para o Senhor, nossos pensamentos excluem o Senhor e nossas obras não são testemunhas ao nome do Senhor, mesmo assim, queremos oferecer um autêntico louvor, mesmo rebeldes ao Eterno. É por isso que gritamos muito, aplaudimos muito, cantamos muito, dançamos muito, rimamos muito durante a adoração para tentar suprir aquilo que não temos, um perfeito louvor. Tirar das crianças de peito o troféu de verdadeiros adoradores, esqueça, isto é uma tarefa impossível! Por quê?
· O único desejo das criancinhas são os seios de suas mães,
· A única dependência das criancinhas é o leite materno,
· A única preocupação das criancinhas é respirar,
· O único mal que produzem são os seus próprios excrementos...
As crianças não cantam, não tocam, não dançam, contudo, oferecem a Deus um perfeito louvor, pelo simples fato: elas estão integralmente na dependência de Deus e, nós, adultos, ocasionalmente e convenientemente em seus domínios.
O Reino de Jesus é o das crianças, e por isso elas são convidadas a vir, a ir até ele, a estar em seu colo, a se deliciarem com seu afeto. É da boca delas que sai o perfeito louvor a Deus. É por elas que nosso Pai é glorificado. É imperioso que devamos ser iguais a elas. A mensagem para nós é: necessitamos urgentemente nos transformar naquilo que um dia fomos, pequeninos! Quem não se tornar como criança não adora, não louva e não entrará no Reino de Deus! Tudo o que façamos ou alcancemos não interessa a Deus, Ele somente quer que nos apresentemos diante dele, na ingenuidade de uma criança: sem pressa, sem pedidos, sem promessas, apenas porque Ele está em nosso meio.
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