“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus;… para que em tudo Deus seja glorificado…!” (1 Pedro 4:11)
Vivemos impactados e alcançados por turbilhões de mensagens - dia a dia, dia após dia, todos os dias - e todas reivindicando ser Palavra de Deus. São mensagens motivacionais. Quem as ouve, tem o sentimento que está sendo acolhido e atendido por Deus. Ainda que a pregação da Palavra de Deus pode contemplar os desanimados e fracos, contudo, ela também tem a função de edificar (trazer conhecimento) e exortar ( fazer retornar). Esta última, representa o maior conteúdo dos textos bíblicos - que é a exortação ao povo de Deus - tanto no Antigo Testamento como no Novo. Há mais exortações na Bíblia do que consolações. Não esqueça.
Mas agora surgem questionamentos: por que a igreja brasileira, mesmo sendo alcançada com tantas pregações, está perdendo a sua essência cristã? Por que o evangelho que pregamos faz agregar, mas não faz transformar? Por que a mensagem tem tirado o homem do lodo do mundo, mas não tem tirado o lodo do homem? Há pelo menos dois motivos para isso, e esses se fundem: o uso inadequado de Mensagens Temáticas e a ênfase abusiva de sermōes consolativos. São duas ações dolosas cometidas por quem prega, por isso, sāo crimes homiléticos inafiançaveis.
Os homilistas das mensagens temáticas têm se caracterizado como arautos da Teologia da Prosperidade. E isso é lógico! Por quê? Porque ninguém pode dar aquilo que não tem, contudo, o que ocupa o coração, isso fala a boca!
A mensagem temática tem sido a mais praticada porque não está presa ao texto bíblico, mas à inspiração e ao conhecimento do homilista. Fica mais fácil confecciona-la por inspiração indutiva do que pesquisa-la por horas a fio. Pesquisar dá trabalho e em tempo de ativismo, é inviável. Ainda sobre o esboço, os matematicos fazem os questionamentos inversos no trato textual, tipo: o que eu posso falar sobre esse texto? Quando deveria ser: o que eu posso aprender com esse texto? Percebemos, na mensagem temática, que o esboço homilético fica refém do pregador, não do argumento bíblico. Quem ouve um matemático faz a seguinte observação: “Como ele sabe!”. Quando deveria ser: “Eu não sabia sobre essa verdade bíblica”. Por isso, as mensagens temáticas são as menos indicadas quando se quer alimentar o rebanho com o conteúdo bíblico. A igreja não deve ser guiada pelas ideias do pregador, mas pela Teologia Bíblica.
Observe algumas das características indesejáveis da mensagem temática:
· Ela despreza o contexto do texto e prioriza as ideias do homilista. A tese do texto é rejeitada.
· Ela exagera na tipologia e se prende no enredo da história bíblica, não na doutrina bíblica revelada.
· Ela impede que o ouvinte enxergue no texto aquilo que está sendo exposto verbalmente no púlpito. Texto e pregador estão em conflito.
· Ela é um fator limitante, a sapiência do pregador ganha atenção , por isso delimita a variedade de doutrinas registradas nas escrituras.
· Ela não segue o básico do sermão homilético: explicação do texto, exegese do texto e aplicação do texto.
· Ela foca em assuntos atuais e contextuais. Geralmente os assuntos abordados são aqueles que estāo na moda: sucesso, liderança ou prosperidade.
Estamos assistindo um show de horrores homiléticos. A forma que um pregador tratar um texto bíblico nos diz muito sobre o seu caráter. Nossos pregadores estāo perdendo o contato com o Deus das escrituras e induzindo muitos ao mesmo erro. Estão difundido o que Deus faz e omitindo o que Ele é. A ênfase da Teologia Bíblica está fundamentada no que Deus é, não no que Ele faz. O que faz, e como faz e porquê faz está intrinsicamente ligado ao que Ele é. A ausência do conteúdo bíblico tem permitido a invasão dos conhecimentos humanos nos púlpitos. A falta da integridade bíblica-teologia nos sermões tem favorecido a inclusão de conteúdos secularizados, para combater aquilo que só a Palavra de Deus combate, o pecado. Isso não é contraditório? Hoje, os maus temáticos, tem sido ovacionados. Isto não é contraditório?
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